Estimulando Mentes Criativas!

Por menos festa infantil espetáculo, e mais festa afetiva!

Festa infantil em bufê da moda… e bem caro! Quem nunca foi a um evento assim? O ambiente a gente conhece: brinquedos com luzes piscando e emitindo sons os mais diversos, e as crianças enlouquecidas correndo de um lado para o outro. De repente, uma parada: a criança aniversariante entra na festa. Mas agora ela usa uma roupa diferente da que estava logo no início do evento, quando recebeu 3 dígitos de convidados. Será que aquele pingo de gente conhece mesmo tantas pessoas assim? A comemoração segue. Os presentes ainda nem foram abertos, repousam num lugar reservado para eles. Isso fica pra depois! Foi-se o tempo da alegria de abrir o mimo, e agradecer pessoalmente a gentileza do amiguinho ou do primo com um abraço. Isso tornou-se desnecessário.

Animadores de festa, personagens, brinquedos recreativos, recursos e mais recursos são usados para animar a criançada. Antigamente criança sabia como se divertir, bastava algumas delas reunidas e espaço para brincarem, correrem, usarem a imaginação elas mesmas e entre si. Parece que as crianças de hoje em dia são incapazes. Será? Não estamos subestimando os pequenos? E então… chega a hora dos parabéns!!! É hora de ir para a mesa lindamente composta com doces perfeitamente simétricos e cores que combinam com toda a decoração e a roupa da criança. Beijos! Todos repetem a mesma frase… estava tudo lindo. E estava mesmo!!! Quanto a isso, não há o que discutir. Pronto… todos vão embora com sacolas repletas de guloseimas e lembrancinhas incrivelmente criativas, inusitadas e exclusivas!

As festas viraram espetáculos caros, exagerados e entusiasmados um pouco acima do normal, a meu ver. Por que passamos a celebrar mais um ano de vida das crianças desse jeito? Ainda não entendi bem. Por que passamos a comemorar a vida de maneira que beira o impessoal, em detrimento das festas afetivas de antigamente?

Você lembra? As festas de aniversário eram em casa, ao redor de nossas mesas, com brigadeiros e doces desiguais, e tudo bem! A reunião era para poucos, familiares e amigos que, de fato, faziam parte da história da criança, com quem se encontrava outras vezes ao longo do ano. Era uma festa, portanto, afetiva. A festa começava nos preparativos, na produção das delícias e na arrumação da casa para o momento em si. Todo esse processo era o que tanto trazia alegria… você se lembra? A festa tinha um propósito: reunir as pessoas mais queridas para a celebração por mais um ano de vida. Isto, por si só, era o motivo mais que especial, e ter os mais queridos por perto era extraordinário. Onde foi que nos perdemos quando passamos a nos empenhar tanto para tornar esse momento em algo espetacular? O que dizer quando as pessoas passaram a dar mais importância em mostrar o que têm e o que podem pagar, em detrimento de vivenciarem o que verdadeiramente são na essência? É isso o que torna essas pessoas mais felizes?

A gente ouve falar demais que o mundo anda bastante competitivo, e que é preciso preencher alguns requisitos para atender a um modelo de sucesso social. Sem isso, somos vistos como fracassados, perdedores… esse veneno todo chegou às comemorações nos aniversários infantis? A celebração feliz e genuína, pela vida da criança, junto aos mais próximos, não é mais o bastante? Vem daí a loucura de muitas vezes fazer o que não se pode, parcelar a festa em inúmeras vezes, ou ainda pegar empréstimos (já ouvi falar que até isso fazem!), tudo para mostrar o que tem, ou fingir para a sociedade o que de fato não tem? De onde vem essa necessidade de impressionar, de fazer mais e diferente a cada ano?

É claro que cada família é livre para fazer a comemoração do aniversário da cria como bem entender, e fazer o investimento que puder e quiser. Se isso é significativo para elas, assim mesmo como vemos hoje em dia, que seja. E nem se trata de eu ter me sentido desconfortável por ter estado em um evento assim. Absolutamente! Não é essa a questão. O que desejo colocar como reflexão é se isso tudo realmente traduz a essência dessas famílias. O que há de verdade nisso tudo? O que resta, em termos de sentimento, desses superultramega eventos? O quanto isso tem sido saudável para todos? O que vamos ensinar às crianças com todo esse movimento eufórico e consumista em torno das festas infantis? Quero refletir com você, apenas…

Felizmente, tenho percebido algum movimento contrário a isso tudo. Se por um lado há essa necessidade coletiva de aprovação, que busca a opinião do outro quanto a sermos, ou não, pessoas bem sucedidas, nem que para isso haja tanto desgaste e gastos financeiros desproporcionais, por outro lado é animador assistir ao resgate do simples e descomplicado, com festas intimistas e afetivas que buscam nada mais que produzir gostosas recordações, e festejar afetivamente. É revigorante ver, em tempos de festas espetáculo, comemorações em que há uma reunião com significado, apenas pela presença dos que estão ali. É gostoso ver a alegria da criança ao ganhar um presentinho, e logo poder abrir e se deliciar com a surpresa ali mesmo, sem a necessidade de seguir o roteiro do “agora não é hora de abrir os presentes”. É confortável poder receber pessoas queridas, servi-las com guloseimas desiguais… e tudo bem! Elas são de casa e não se importariam com esses detalhes. Que importância tem a perfeição dos doces, afinal?

Repensar tudo isso nos coloca diante de um (velho) mundo novo, de novas possibilidades, das escolhas verdadeiras e do coração, das festas com significado que arrancam sorrisos e alegria dos pequenos por estarem com quem amam e por quem são amados na real, e que, a gente sabe bem, não há dinheiro algum que compre. Nenhum!

Por Lidiane Vasconcelos

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