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Pai e filho com autismo concluem faculdade de Direito juntos no ES

Ingressar na faculdade e se formar em um curso superior é o sonho de muitos jovens de 18 anos. Assim também foi com Lucas Weberling, atualmente com 23, morador de Serra (ES). Ao concluir o ensino médio em 2016, o jovem — inspirado na mãe, que é advogada — sonhava ingressar no curso de Direito. Para ajudá-lo nessa jornada, seu pai, o técnico industrial Luís Felipe Soares, 46, também se matriculou no curso.

Lucas foi diagnosticado aos 12 anos com autismo de grau leve que afeta a capacidade de se socializar e de se comunicar com eficiência. Para evitar que filho sofresse bullying na faculdade, o pai decidiu voltar aos estudos e auxiliá-lo durante os cinco anos de graduação.

Luís Felipe explica que se matricular na mesma turma que o filho foi uma decisão tomada em família. Segundo o pai, Lucas sofreu preconceito e bullying durante a vida escolar, passando a ser aceito pelos colegas apenas no ensino médio.

“Durante a vida escolar do Lucas, ele sofreu com o preconceito das pessoas e o despreparado de muitas instituições de ensino. Por isso, quando ele disse que queria fazer a faculdade de Direito, decidi que eu também faria para auxiliá-lo na socialização e desse o suporte necessário para que ele não se sentisse desmotivado, caso algo acontecesse”, lembra o pai.

Como a mãe de Lucas já era formada em Direito, a missão de acompanhar o jovem nos estudos foi incumbida ao pai. No final do ano de 2015, os dois prestaram vestibular juntos; no ano seguinte, eles ingressaram em uma faculdade particular da cidade.

“Eu estava muito nervoso e ansioso de voltar a estudar — ainda mais em uma área que é tão distante da minha, já que sou formado em exatas. Mas o Lucas me acalmava com a serenidade dele. Meu objetivo era cursar até o quarto período, que era o tempo necessário para que ele se socializasse, mas ele não me deixou desistir e fomos juntos até o final”, acrescenta Luís Felipe.

Aceitação
Diferente do que aconteceu no período de escola, Luís Felipe conta que Lucas foi bem aceito pelos colegas de sala de aula e pelos professores. E lembra que, apesar do transtorno, o jovem foi tratado como um aluno comum.

“Não tinha diferença, o Lucas era mais um aluno da turma. Todos os trabalhos e provas eram feitos igualmente. Ele concluiu o curso com o esforço dele”, explica Luís Felipe. Ainda segundo ele, o transtorno de Lucas afeta apenas a parte de socialização do jovem.

O pai ainda relata que, em 2020, devido à pandemia da covid-19, as aulas passaram a ser online, e o filho sentiu falta da convivência com os outros alunos e professores.

“Foi difícil, assim como acredito que tenha sido difícil para todos. A falta de convivência em sala de aula e ter que ficar horas em frente ao computador assistindo ao conteúdo foi desgastante. Mas como já estava no período final do curso, as aulas eram mais práticas e isso também ajudou a superarmos essa fase”, diz o técnico industrial.

A história que teve início há cinco anos foi concluída em dezembro, quando pai e filho terminaram a faculdade. A colação de grau dos dois está marcada para ser realizada em fevereiro.

“Agora vamos prestar o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Lucas quer prestar um concurso público. E nós vamos apoiá-lo com certeza”, acrescenta Luís Felipe.

Diagnóstico
Lucas Weberling, 23, é o mais velho de três irmãos e foi diagnosticado com autismo aos 12 anos. Assim que o transtorno foi descoberto, o jovem começou o tratamento para melhorar a coordenação motora e a socialização.

Simone Machado
Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

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